Recentemente regressei dum retiro solitário de 10 dias que me levou a lugares profundos de mim mesma e a um estado de profunda união com a Mãe Natureza e o Grande Cosmos.
As palavras são redutoras para o que vivi, experienciei e realizei...
Levei comigo a Sadhana da Sublime Tara Verde e as minhas ferramentas habituais... dança, yoga, contemplações, arterapia, etc... também tinha a intenção de me conectar com o espírito da árvore de Carvalho para receber a sua medicina e não é que lá estava Ele, grande e sábio, à minha espera!
Os primeiros três dias foram intensos e desafiantes, fora e dentro... grandes tempestades, ventos fortes, muito frio. A minha casa era linda, em círculo voltada para as mais belas montanhas da Sierra Nevada. As condições eram básicas mas suficientes para o que me levava lá. Não tinha água quente, sem acesso a internet, telemóveis ou computador, o aquecimento vinha da fogueira que fazia à noite. O quarto de banho ficava numa casa separada a poucos metros de distancia e também com as condições básicas.
A solidão nunca me invadiu... quando mais mergulhava no silêncio mais ouvia e sentia a imensidão que me rodeada. Os elementos gritavam nos primeiros dias... e com o passar dos dias comecei a ouvir mais atentamente os pássaros, as plantas, as rochas, as montanhas...
Como me poderia sentir sozinha?
Os sonhos foram intensos e reveladores.
A Sublime Tara, a
cura para o meu coração.
O Sábio Carvalho, o meu melhor aliado.
A Doce
Amendoeira, a força delicada que precisava.
As Grandes Montanhas, a estabilidade
e a disciplina.
E tantos outros amiguinhos que trago guardados no meu coração.
Nos primeiros dias passei pela provação e libertação
kármica... as noites agitadas e os dias desafiantes. O meu coração sabia que
assim tinha de ser e o meu ventre mantinha-me calma e confiante. São momentos
que exigem coragem... a coragem feminina de não desistir para ir mais fundo
dentro de si mesma. É a coragem de passar as brumas da ilusão, os véus da
ignorância e as couraças da dor. Assim que o karma se dilui, descobrimos que
nada do que libertámos era nosso e é o que somos. Falsas identificações,
ratoeiras do nosso ego que impedem que repousemos na nossa verdadeira natureza.
Ao terceiro dia o sol já apareceu trazendo a sua luz quente e consoladora, ainda que as trovoadas ainda se fizeram sentir. E partir desse dia tudo fluiu natural e graciosamente.
De coração aberto partilho um pequeno excerto do diário do retiro:
"Dia 4 kaban (dia pessoal 5 Kawak), 3o dia do retiro
Durante a manhã o sol apareceu e próximo do meio dia estava bem quentinho. O vento não era forte. Depois de almoço comecei a ouvir a trovoada ao longe nas montanhas. Aproveitei para ir ao quarto de banho e quando regressei comecei a sentir o vento mais forte.
O som da trovoada estava cada vez mais perto e era como se me chamasse...
Eu estava bem à frente do majestoso Carvalho e senti que tinha de invocar os trovões. Assim me pedia Kawak, o rei da trovoada e da libertação kármica. No calendário Maya é dia 4 kaban, o que me fez reconhecer que o karma que tenho a libertar está relacionado com a minha linhagem materna.
Em poucos minutos enquanto o vento se fazia mais forte e a trovoada se aproximada, comecei a fazer um shake a todo o corpo, enquanto revia o karma da minha linhagem materna como um filme à minha frente (...)
Abri-me aos céus e ao cosmos. Trouxe essa energia a beijar a Mãe
Terra. E orei à Mãe Terra para que me ajudasse a limpar esses registos. Subi a
energia da Mãe Terra ao meu ventre e conectei-me com o meu útero. Reconheci cada pulsar como a respiração da minha mãe, avó, de cada mulher da minha linhagem... senti que através de mim respirava a Mãe Terra.
De repente ouvi um grande trovão a gritar: “já chega por agora”. Começou a chover e o vento era muito forte. Recolhi-me permitindo que os elementos e a força da trovoada fizessem o resto.
Om Tare Tuttare Ture Soha
Possa Tara Verde, a Trovoada e os Elementos remover os ventos Karmicos e todo o sofrimento!”
Brevemente partilharei mais...