Diário
quinta-feira 13 de outubro, 2016
Rendição como amantes, não como escravos do amor!
Rendição como amantes, não como escravos do amor!
O sorriso revela muita alegria interna; o cabelo despenteado ao vento, expressa a leveza de aprender a abraçar, com doçura e contentamento, a energia da vida em movimento; o brilho nos olhos, são o êxtase e satisfação de me sentir cada vez mais realizada; as rugas, ohhh! essas são a materialização de muitas desilusões e frustrações, apenas fruto das minhas expectativas, e que, lentamente, vou aprendendo a transformar em sabedoria e poder interno. Mas acima de tudo, há um coração pleno de amor e cheio de gratidão pelo caminho percorrido, pelas grandes aprendizagens e, não menos importante, pelas duras lições da vida… mas também pela coragem em saltar, muitas vezes, sem ver para onde, mas acreditando que tudo correria pelo melhor… pela persistência de nunca ter desistido, mesmo quando as forças se esmoreciam e tudo parecia do contra… pela integridade em saber dizer “não” ou “sim”, mesmo não indo ao encontro do que era esperado… olho para trás e o meu coração sorri!
Ousei desistir de uma carreira como técnica de investigação para ser uma yoguini! Queria aprender a ser feliz usando o corpo como veículo de transformação… sabia que trazia comigo esse dom e que era meu dever, após uma correcta aprendizagem e prática, ensinar, partilhar e inspirar muitos que quisessem acompanhar-me neste caminho tão especial…
Mas ao longo do caminho tinha tantos, mas tantos interesses e paixões que para manter o meu propósito de evolução e de autenticidade ao que o meu coração desejava, tive de fazer muitas escolhas difíceis… abandonei o meu trabalho com Gongos e Taças Tibetanas (mas ainda tenho CDs de minha autoria para venda)… tive de deixar de dedicar-me à aromaterapia e produção de cosmética artesanal… deixei o vinyasa e power yoga porque me queria especializar no yoga tibetano… e recentemente abandonei o Tog chod porque decidi continuar a trabalhar a guerreira inteira através de formas mais graciosas e femininas para mim…
Especializei-me no yoga tibetano, na filosofia e psicologia budista tibetana, no tantrayana… e recentemente passei a integrar também práticas taoistas para mulheres…
E a meio deste caminho de já quase 10 anos, apercebi-me que a yoguini ainda negava certos aspectos femininos, rejeitando qualidades que a levavam a ser controladora e a adoptar, em certos momentos, padrões mais masculinos… devido a heranças familiares ou kármicas, a um mecanismo de auto-defesa como resposta a uma sociedade que adoptou um padrão de sobrevivência masculino, etc…
Comecei a trabalhar a minha essência feminina que se foi expressando na minha doçura, sensualidade e graciosidade cada vez maior. Ao longo desse período comecei a sentir o quanto era importante ensinar, partilhar e inspirar muitas mulheres, porque os tempos exigem este trabalho, urge este resgate do verdadeiro poder interno feminino… Assim há cerca de 3 anos surgiu o trabalho das Dakinis…
Mas o meu trabalho foi profundo e os desafios aumentaram quando, ao abraçar-me como mulher, deparei-me com bloqueios, falsas crenças e padrões negativos que trazia relativamente aos relacionamentos… Entrei ainda mais fundo de mim mesma, foi doloroso, mas libertei muitos medos, mas também sofri muitas desilusões frutos de muitas expectativas… sim, é fácil falar que amor não é apego, mas e na prática como é?! Queremos nos conectar e geramos apego, queremos nos distanciar e geramos indiferença. Apaixonamo-nos e ficamos dependentes, mas queremos ficar independentes e a paixão desaparece! Haverá solução? Será possível manter a paixão sem nos tornarmos escravos desse amor?!
Os anos passaram e cheguei-me a sentir muito desiludida comigo mesma, pois sei bem que a vida é apenas um reflexo de nós mesmos e os relacionamentos só mostram o que nós acreditamos que somos (duro, mas é a pura verdade!)…
Um relacionamento de 7 anos que parecia perfeito, mas agora sei perfeitamente que teve falhas… desejar muito estar sozinha e, nesse período de solidão, deparar-me com medos que não sabia que existiam… entrar em novos relacionamentos que foram ora repetições do primeiro, ora vinham despertar, com cada vez mais força, padrões negativos bem profundos colocando em teste a minha auto-estima, a minha auto-confiança e o meu amor-próprio… porque afinal de contas o nosso amante é o nosso melhor espelho!
Mas a mulher desabrochou, tornou-se mais plena, mais inteira, mais completa… com isto libertou-se dos padrões de compensação e de dependência, isso de procurar alguém para preencher o nosso vazio, a chamada “cara-metade”…
Mas os ditos relacionamentos 50-50 ou de igualitarismo também se mostraram não ser a solução, pois levavam, com o tempo, a um desinteresse, a um desaparecimento da polaridade sexual, fundamental para manter o desejo e o fogo da paixão… A igualdade e a equanimidade é muito importante e essencial, mas não é um ponto final. É necessário um novo paradigma de relacionamentos… É necessário irmos mais além…
Com o desabrochar, a mulher encontrou alguém que quer partilhar o mesmo caminho de evolução, através da partilha e confiança mútua profunda, mas também através do respeito, do amor, da cumplicidade, da intimidade, da sexualidade consciente e da total abertura emocional… estarem preparados para se empoderarem ao servirem-se de espelho um do outro. É um desafio… mas um belo desafio!
Isto significa que a entrega tem de ser total… a rendição tem de ser plena, mas como amantes, não como escravos… como seres plenos que querem partilhar o seu amor e desejo e usarem isso para evoluírem!
Foi preciso experiência, foi preciso estudo, foi preciso entendimento e foi preciso consciência… ainda há um longo caminho, mas ainda assim chega a hora de começar a ensinar, partilhar e inspirar todos os que querem ir mais além nas suas relações!
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