Se preferes, podes ouvir este artigo do blog aqui, o texto encontra-se em baixo. Se ficares apenas por este audio, aviso-te que tens um vídeo depois do artigo sobre a personalidade de Yi e algumas causas-raiz dos principais problemas digestivos. Se te interessa, por favor, vai até ao final da página. E se o sentires, por favor, comenta esta partilha.
Cada dia, a cada novo instante é um novo dia e um novo instante para novas escolhas.
Mesmo que a escolha de hoje seja a mesma de ontem, ainda assim é uma nova escolha.
Porquê? simplesmente porque essa escolha vem dum novo pensamento, uma nova intenção e, logo, será uma nova ação num novo agora.
Não entendo muito bem as pessoas que se lamentam das rotinas. Se for um hábito que te nutre, te inspira e te faz sentir mais viva/vivo, porque existiria a sensação de monotonia?
A monotonia aparece quando algo não está alinhado. Talvez a mente deseje muito o que faço, mas não o coração. Ou talvez o coração deseje muito, mas o pensamento está contrariado. Ou mesmo talvez exista uma alinhamento entre coração e pensamento mas a ação não se concretiza respeitando esse alinhamento.
O Sol nasce todos os dias e não se cansa. O Sol é consistente e regular. Mas não significa que exista monotonia ou linearidade. Nada disso! Consistência e regularidade não é o mesmo que linearidade e rigidez.
A Lua já é mais louca! Tanto está cheia, como se esvazia! E entre estes dois extremos, vai-se renovando e recriando gradualmente, mas ainda assim consistentemente. Por partenogénese, misteriosamente, vai morrendo e renascendo de si mesma.
E já a Terra ensina-nos que o tempo não pára, também ela não se deixa de mover.
Mas atenção tudo depende de onde observamos. Se observarmos do espaço, é verdade, a Terra nunca pára. Mas se observarmos deste lugar onde estou, ela não se move. O que significa? Tudo depende da perspectiva, do sujeito e de onde me encontro relativamente ao objeto. De facto o tempo não pára, é uma verdade. Mas quando medito ou quando faço algo que vem dum lugar de alinhamento e vivo em presença, não será que o tempo pára?! Não será também uma verdade?
Algo na percepção do tempo muda e que depende de muitas variáveis. Os Mayas chamam ao tempo o fio e que o homem é o tecedor desse fio.
É inegável que a “presença” dá-nos a oportunidade de viver com mais plenitude, magia e frescura. O que parecia velho, aos olhos da “presença” torna-se naturalmente novo e vivo. Não “novo” ou “vivo” como resistência ao envelhecimento, à morte, ao fim, ao velho. Pelo contrário! É ao viver com presença ao envelhecimento, à morte, ao fim e ao velho, que podemos reconhecer “beleza”, “vida” e “novo” nestes processos tão naturais e naturalmente misteriosos.
Com presença abro-me a um espaço fértil de novas possibilidades. Os sentidos abrem-se, as sensações renovam-se, as cores são mais vivas, mesmo que, aos meus olhos, apenas estejam presentes o branco e o preto.
E com essa mesma presença posso me entregar a um novo instante, um novo espaço e um novo pensamento.
A um novo pensamento, segue uma nova intenção que gera uma nova ação. Mesmo que eu deseje repetir esta sequência, esta nunca será a mesma. Já que essa mesma sequência realizar-se-á num novo agora. O novo agora é o presente de cada novo instante. A nova oportunidade para sentir tudo com frescura renovada.
E entre o espaço donde nasce a ideia e o pensamento até à ação, reside o maior poder!
Escolher é o maior poder.
A escolha é o poder de decidir que passo dar, em que direção e com que intenção.
Da tela branca do artista, nasce magicamente o ponto, depois o traço e depois a forma.
O poder da manifestação nasce do poder da escolha.
Não tem tanto a ver com a escolha certa ou incerta, correta ou incorreta, boa ou má.
Mas mais com o ato de escolher.
Escolher o que me corresponde escolher. Este é o Poder mais primordial!
O Poder de Escolher o que me diz respeito escolher.
Se entrego ao outro a minha escolha, estou a entregar o meu poder.
Se escolho pelo outro, estou a usar o meu poder sobre o outro.
É aqui que começam as dinâmicas de poder.
Este poder deve-se aprender gradualmente consoante vamos crescendo e amadurecendo.
Dizem asabuelas/abuelosque a menarca e adrenarca marca uma fase de transição muito importante como indivíduos cada vez mais autónomos e responsáveis. É quando passamos a aprender a usar o nosso poder interno!
Ter uma envolvente que confia nas nossas capacidades é muito importante! É tão importante o espaço para a liberdade e autonomia, quanto os limites para o centramento e responsabilização.
Sem o poder de escolha não existe o poder de manifestação.
Manifesto quando, passo a passo, desde a ideia ou sonho conectada com o coração, surge um pensamento ou escolha que conectado com a intenção gera a ação! É o Poder do Ser Humano!
Quando escolho procuro que venha dum lugar de alinhamento com o coração.
Muitas vezes é difícil saber se realmente vem desse lugar porque aquilo que chamo a minha verdade, pode ser uma crença adquirida, herdada, limitante.
Mas faço uma pausa, respiro, centro-me e, mesmo sem garantias, faço a minha escolha.
Não há certezas. A única certeza é que se desejo manter-me no meu poder interno, devo assumir a responsabilidade pelas minhas escolhas do meu passado, presente e futuro.
E assumir a responsabilidade não é carregar o sentimento de culpa por algo que não correu bem. Nada disso!
Mas antes a responsabilidade de, num novo momento, num novo agora, aproveitar a oportunidade duma nova escolha, duma nova ação. Uma nova escolha que vem dum lugar de aprendizagem, amadurecimento e, se possível, dum realinhamento.
E escolher fazer uma pausa também é uma escolha.
E escolher não escolher agora, neste momento, também é uma escolha.
A pausa é o que me permite alinhar e procurar que a escolha não venha dum lugar de medo e dum sistema de crenças autolimitante.
Mas entregar o meu poder de escolha a outro ou retirar o poder de escolha do outro é a maior doença desta sociedade.
E escolher não significa ter tudo sob controlo porque a escolha não devia servir para controlar a vida.
E escolher também não dá garantias que tudo vai correr como eu desejo.
Escolher é arte de tecer a vida.
Quem mais me tem ensinado sobre o Poder da Escolha é Yi!
Quem é Yi?
É o espírito do Estômago-Baço/Pâncreas.
No Tao Antigo os orgãos têm espíritos. É uma visão anímica do nosso corpo que faz todo o sentido para mim.
Cada orgão é governado por um espírito ou guardião que está associado a um elemento e que tem uma personalidade única. Esse espírito, como qualquer personalidade, tem dons, mas também debilidades.
Yi significa literalmente “aquele que expressa a canção do coração” através de pensamentos, ideias, sentimentos, escolhas.
Uma das funções de Yi é suster as intenções que reflectem os valores / verdades do coração.
A ação vem da intenção, que por sua vez deve nutrir a alma/espírito que vive no coração para que nos possamos sentir satisfeitos com a vida.
Quem me conhece sabe que tenho bastantes dificuldades em digerir. A digestão não depende apenas do Estômago-Baço/Pancreas, mas estes são órgãos fundamentais nesse processo fisiológico.
Quando em 2022 tive a minha grande crise digestiva fiquei em alerta! Durante um ano passei por um profundo detox, adotei novos hábitos alimentares, sim, passei por inúmeros estilos alimentares (alimentação alcalina, alimentação macrobiótica, alimentação ayurvédica, alimentação à base de sumos, etc, etc), mudei a minha alimentação para o mais orgânica e pura, praticava yoga e meditação todos os dias… também fui orientada por um naturopata, tomei muitos suplementos naturais, incluindo homeopáticos, apoiava com o herbalismo ancestral e medicina energética. Praticava com muita regularidade cromoterapia e cristaloterapia. Fazia saunas, contactava muito com a Natureza, dormia bem e não havia nada a apontar no trabalho ou vida familiar. Tudo parecia fluir em harmonia externamente. Sentia-me um pouco melhor, mas nada significativo!
O próprio naturopata já não sabia o que dizer ou fazer!
Foi quando decidi olhar mais profundamente dentro de mim! Já não tinha outra escolha senão ir à causa-raiz do problema.
As questões mais profundas começaram a surgir quando passei mais tempo com o meu coração.
Nos momentos de confusão e frustração é tão difícil repousar no coração, mas é quando mais necessitamos.
É preciso coragem de leão para sermos devotos ao coração.
Gradualmente as questões começaram a surgir:
- quais os sonhos estelares alinhados com o meu coração, me propus manifestar neste momento na minha vida e não o estou a fazer?
- estão os meus pensamentos-intenções-ações e o meu poder de escolha alinhado com esses sonhos e valores autênticos?
- que sistema de crenças visceral e ancestral ainda carrego e me impede de estar nesse alinhamento?
- onde a minha mente critica bloqueia o meu potencial e valor mais elevado?
- quais os medos que me impedem de ver com clareza e de avançar?
E tantas, mas tantas mais questões começaram a brotar naturalmente!
E mais vinham as questões, também mais vinham as respostas… e também mais vinham as novas escolhas alinhadas com a nova forma de pensar e sentir. E cada escolha levava-me a passos concretos para o meu alinhamento!
Comecei a sentir melhoras significativas quando comecei naturalmente a sentir que é possível dançar e rir no meio da grande tempestade, das grandes incertezas e do grande caos! Sem duvida que recordar a filosofia budista me ajudou imenso.
Comecei naturalmente a rir-me para o meu problema! E uma natural leveza e ordem começou a emergir mesmo ainda com muitos sintomas físicos.
Sim, foi o desalinhamento que gerou um desequilíbrio, ainda muito antes da manifestação somática. E aquilo que chamo doença não será o meu corpo na sua cura natural? Mas sem um apoio e escolhas apropriadas às minhas necessidades que possam realmente colaborar nessa cura, o desequilíbrio continuará e até agravar-se-á.
E está certo porque essa é única forma de me chamar atenção para o que devo mudar.
Agora, desde outro lugar sei que ainda vai demorar a minha harmonização porque o que me comprometi “digerir” leva tempo e paciência. Um sistema de crenças, medos e emoções reprimidas que carrego e herdei do meu sistema familiar, mas que com consciência vou digerindo.
Mas aquilo que pode ser a minha maldição, não será na realidade o resgate do meu maior poder?!
Sem duvida que esta visão anímica dos orgãos e o ciclo do Qi/emoções/elementos não só me ajudou a encontrar as questões profundas, mas também as respostas que buscava. Complementado com tudo o que já tinha acumulado, estudado e recordado ao longo desta vida, transforma-se numa jóia preciosa.
Uma sabedoria que levo ao meu dia a dia e me permite mover, transmutar, libertar, discernir, destilar com mais graciosidade o que está a bloquear o ciclo natural da criação… para que cada escolha esteja mais alinhada com os meus sonhos/projectos/ideais e que, por sua vez, estes estejam alinhados com a minha canção solar. E com coragem de leão seja devota ao coração e expresse cada palavra, cada ação, cada canção com essa devoção.
Manifestar é o grande poder! Então possa a manifestação vir de escolhas alinhadas com o coração!
Viver desde esse lugar de poder interno alinhado com o coração é um treino. Exige disciplina e resiliência.
Mas a cada dia, novo instante, novo agora a vida tão generosamente nos dá uma nova oportunidade.
Que o Poder esteja comigo! Esteja contigo! Esteja connosco!
Gostarias de aprofundar a visão dos 5 orgãos/espíritos e o ciclo de Qi/Emoções da criação?
E ainda aliar este conhecimento com práticas de Yoga Alquímico?
Este será o tema da próxima Jornada de Alquimia Interna:
